Emmanuel Giboulot
Consciência ambiental que vem desde o berço. O que não era ainda “moda”, já funcionava como regra em casa. Emmanuel cresceu em um ambiente no qual o respeito pela biodiversidade e saúde dos solos era primordial. Seu pai, Paul Giboulot, foi pioneiro na viticultura orgânica nos idos 1970, realizando um trabalho delicado de vinificação, a fim de obter a melhor expressão de cada “climat” em seus vinhos.
Emmanuel começou timidamente em 1985 com 0,8 hectare, mas já de partida escolheu a forma mais natural de se cultivar e produzir. Por 10 anos, aos olhos descrentes de vizinhos, foi cada vez mais se aprofundando em estudos e práticas biodinâmicas, até conquistar em 1996 sua certificação, e o mais importante: com vinhedos saudáveis e rendendo vinhos cada vez mais interessantes e cheios de energia.
Trabalha hoje em 12 ha, espalhados em Côte de Beaune, Hautes Côtes de Nuits, Saint-Romain, Rully 1er Cru e até uma IGP “Les Terres Burgondes”, com Pinot Noir, Chardonnay e Pinot Beurrot. Os solos são argilo-calcáreos com altitude entre 280 m e 400 m.
Um antigo celeiro de pedra com telhado de madeira, nos arredores de Beaune, funciona como sua estrutura de vinificação. Emmanuel trabalha de forma delicada, abandonando o uso de madeira nova desde 2003 e sem a prática de battonnage, para render vinhos mais sutis e sem cremosidade excessiva. A prensa utilizada é mecânica e não pneumática, e a temperatura é “controlada” de forma natural com a abertura das janelas da cantina.
Cada aspecto do vinhedo é observado e tratado com distinção e respeito: a idade das vinhas, a distância de fontes de água, o tipo de solo, o carácter da safra. Assim como acredita que deve ouvir a personalidade de cada parcela, Emmanuel também não deixa barato e não se intimida ao expor seu posicionamento filosófico: em 2014 foi condenado à prisão por refugar uma ordem governamental para a aplicação de pesticidas sobre os vinhedos, como forma de proteção a uma suposta iminente contaminação. Emmanuel não se abala e fica firme. Eventualmente livra-se da acusação e o episódio acaba representando uma vitória para verdadeiros “homens da terra”, uma inspiração e objeto de reflexão.