Domaine Barmès-Buecher
Coragem. Coragem para enfrentar o status quo e transformar abruptamente toda a forma de cultivo. Coragem para seguir adiante depois de um repentino acidente que levou a vida do chefe de família. Tudo na trajetória dos Barmès Buecher parece ser assim: de repente. Mas se olharmos de perto, percebemos o que justifica cada passo. Ambos com descendência de vignerons que remonta ao século XVII, François Barmès e Geneviève Buecher eram vizinhos de frente em suas propriedades em Wettolsheim, Alsácia. Apaixonaram-se, casaram-se e tiverem dois filhos: Sophie e Maxime. Uniram as terras e fundaram o Domaine em 1985. O pai de François já era agricultor na década de 70, mas foi com a posse do filho que guinou-se o rumo da propriedade para o enfoque total nas vinhas. Apenas 10 anos depois, em 95, François retorna de uma semana de curso de técnicas biodinâmicas e declara: vou converter tudo! A prática na região não era nada comum na época, e o risco era imenso! Mas não teve jeito, a decisão estava tomada. Não fazia mais sentido cultivar de forma convencional e François buscava aqui se diferenciar, criar tendência.
Os primeiros anos da conversão foram duros, não havia referência. Hoje em dia os resultados são nítidos e as vinhas do Domaine estão entre as mais resistentes da região. Outro elemento de diferenciação de Barmès Buecher é a densidade das vinhas. Enquanto a maioria dos domaines da Alsácia prática uma média de 5 a 6 mil plantas por hectare, aqui falamos entre 7,5 e 8 mil. Isso estimula uma competição saudável, onde todos ganham. Além disso, estamos em uma verdadeira colcha de retalhos de parcelas. Vinhedos distribuídos em 5 comunas, vinhas com idades bem variadas (de 60 anos a bem jovens), uma paleta geológica muito ampla - as plantas acabam formando uma espécie de "comunidade" que se ajuda e se complementa entre si. Nos 16 hectares, temos 7 terroirs, incluindo 3 Grand Crus e 4 Lieu-Dits: Hengst, Pfersigberg, Steingrubler, Rosenberg, Leimental, Clos Sand, Herrenweg. Para exponenciar toda essa variedade, o Domaine produz 20 cuvées diferentes. A colheita é manual e a mecanização evitada a todo custo - mesmo assim, quando utilizada, permitem apenas maquinário o mais leve possível. Fermentações lentas e espontâneas e longas maturações sobre as lias, de 5 a 24 (!) meses. Zero aditivos e correções, apenas leve filtração e um mínimo de SO2 antes de engarrafar. Impressionante como mantém-se a pureza e energia dos vinhos com uma produção de mais de 100.000 garrafas. François fixou como marca do Domaine o enfoque nos Vinhedos e no Terroir, não na cepa. Para ele, o Vinho é a junção da vinha, terroir, safra e homem. Um trágico acidente o leva de sua família em 2011, porém seu entusiasmo é perpetuado pela coragem e resiliência dos filhos, que logo assumiram as rédeas da propriedade junto com a mãe Geneviève. É a maior manifestação de respeito pela transmissão do patrimônio familiar. Trabalham a terra com honestidade e valorização do trabalho humano. Não há maquiagem nem artifícios e os vinhos ganham em tensão a cada nova safra, selando o espírito enérgico que sempre conduziu o Domaine.