Chenin, alta tensão e mineralidade! A resposta dos franceses ao sucesso da Riesling.
“Provavelmente a uva mais versátil do mundo” diz a Jancis Robinson. Isso é porque a Chenin é bem sucedida em diversos estilos, seja: espumante, branco seco, doce ou muito doce, pra beber agora ou envelhecer décadas na adega.
Além dos estilos, é também maleável às decisões de quem a conduz:
- De peso leve a muito corpo
- Inox ou madeira (seja nova ou velha)
- Contato com as lias ou não
- Fazer ou não a Maloláctica
Análises de DNA sugerem parentescos com Sauvignon Blanc e Trousseau, sendo que o possível progenitor seja a Savagnin. E sua origem é o Loire, entre Tours e Angers com sua primeira menção oficial em 1534 porém tudo indica que já era plantada em no século 15 (Mont-Chenin).
Existe também e até em maior área plantada na África do Sul, depois Califórnia, Nova Zelândia, Austrália e um pouco na Argentina.
Perfil:
É comum encontrarmos notas de: Mel, palha úmida, marmelo, maçã amarela, camomila…
Mas sua caraterística mais importante, e marcante, talvez seja manter a acidez alta mesmo em climas quentes. E pra quem quer esticar os rendimentos, não é impossível se deparar com mais de 170 hl/ha
Passado sombrio:
No passado, sofreu com a “industrialização” do vinho, em que produtores sem consciência abusam dos rendimentos, das chaptalizações, do enxofre, trabalho de máquinas e químicos nos vinhedos. Mas a cena mudou completamente com um, hoje relativamente grande, grupo de vignerons que luta pela expressão máxima do terroir sem intervenções, consegue extrair um conjunto de sabores, concentração e mineralidade que não se atingia antigamente. É a verdadeira expressão da Chenin.
No Loire atinge sua máxima expressão em anjou, bonnezeaux, Coteaux de l’aubance, Coteaux du layon, jasnières, montlouis, quarts de chaume, saumur, savennières, vouvray. E não podemos esquecer que muita crémant de Loire é feita! Chenin existe mais em bolhas que qualquer outro estilo! As bolhas representam 65% da produção de Vouvray e 75% de Montlouis, o restante desse percentual é dividido entre branco seco, moelleux e liquoreux. Portanto, a produção de Chenin seco tranquilo é ainda minúscula!
Solos:
Se exibe com perfeição em xistos metamórficos e ardósias de Anjou, assim como uma incrível afinidade com o calcário sedimentar de Touraine. Porém, as diferenças são gritantes. No xisto a Chenin tem mais “grip”, é mais ampla e fenólica, além de ter maior influência da botrytis. No calcário, é mais elegante e mesmo que frequentemente apresente mais acidez, ela é mais delicada.
Quem são os papas da Chenin?
Richard Leroy, Huet, Nicolas Joly, Mullineux, Clos Rougeard, Guiberteau, François Chidaine, entre outros heróis dessa incrível variedade.
E alguém que merece entrar para esse Hall é Richard Desouche, viticultor do Clos Rougeard e produtor dos seus rótulos próprios, chamados Le P'tit Domaine. Prove o Entre Deux Voyes Saumur 2017, um branco à lá bourgogne de produção limitada a 1.500 garrafas para entender do que estamos falando. Disponível em nosso site.
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