Esse é o Cuvée 791, nomeado assim porque vem de uma parcela registrada como número... adivinha? 791. Um quadrado perfeito de 50 ares, plantado ali na comuna de Dizy, bem pertinho de Épernay, de frente pro sol — literalmente! A exposição é sul e sudeste, ou seja, maturação na medida certa.

Dizy, pra quem não sabe, é terra de gente grande — tipo a base da lendária Champagne Jacquesson — e é conhecida pelos seus Pinot Noirs. Mas aqui o Paul resolveu fazer diferente: encontrou um verdadeiro tesouro em Les Terres Rouges, uma área minúscula onde ainda existem Chardonnays plantados — só 5 hectares no total. Sim, você ouviu certo: Chardonnay em solo de Pinot. E isso já dá uma pista de onde essa história vai.

Essa Chardonnay aqui é tratada com carinho e técnica. A poda é feita em Cordon de Royat — o que não é nada comum pra Chardonnay, mas é justamente o segredo pra controlar a produção e extrair mais maturidade e concentração. Resultado? Um vinho rico, encorpado, e altamente aromático, do tipo que enche a boca e a alma.

A vinificação é feita inteiramente em barris, mas Paul tem um truque: usa principalmente barris de 5 hectolitros, bem grandes, pra que o carvalho entre com sutileza, sem roubar a cena. O objetivo é ressaltar o terroir, não mascará-lo.

A safra atual, 2022, tá tão cheia de camadas e potencial que dois barris de 228L vão descansar mais um ano sobre as borras — só pra ver até onde esse vinho pode ir. Spoiler: provavelmente muito longe. 

E como se não bastasse, Paul tá agora explorando a vinificação em ânforas de gres (sim, aquelas jarras de cerâmica fina) pra buscar ainda mais mineralidade e pureza. É aquele tipo de projeto que mistura tradição, ousadia e um olhar bem atento ao futuro. 

A Cuvée 791 é daquelas que te pegam pela complexidade e ficam na memória pela personalidade. Um Chardonnay que fala com sotaque de Pinot, mas canta solo próprio.

Volume alcoólico 12,5%